quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sexo & Drogas & Rock and Roll

Estes dias estava pensando com meus botões (Só uso camiseta) com uma pergunta que me fizeram.Uma menina me perguntou como era que eu vivia quando tinha a idade dela.O que fazíamos.
Tenho que confessar,para os quarentões convencionais (Tenho 47 e nem um pouco convencional) seria fácil.Mas para quem viveu a adolescência na segunda metade dos anos 70 fora dos "padrões" talvez causaria constrangimento.Porquê?Se você que esta lendo e tem menos idade do que isso seria até simples se não fosse complicado.E claro que não foi o que contei a ela.
Geralmente quem não viveu aquela epoca tem na sua informação aquela coisa de Mídia,calças boca de sino,cabeleiras,batas e outras preciosidades,Ainda com aquele rescaldinho da Jovem Guarda é normal pensar que tudo era inocente e pueril.Outros já viajam na idéia que tudo era olhos azuis e camisetas pretas sem mangas cravadas de "tachas" cromadas a lá John Travolta (Saturday Night Fever) que virou verdadeira febre.A Discoteque.Eu pessoalmente,não gostava de nenhuma delas.Toda essa prosa e registro era feito pela "Elite" Classe média alta para cima.Aquela coisa de estudante da USP.
As duas ondas acima revistas e escritas por vários autores ,geralmente de classe média alta apenas descreviam a época entre eles mesmo,nenhum deles procurou as periferias para saber como a coisa toda era.
Quem gostava de toda aquela chatice dançante e sem graça eram adolescêntes de familia mais próximas do centro e bairros nobres.Ou seja,era apenas uma fatia do bolo.
Na periferia (Eu fazia parte) a realidade era outra coisa,se aqueles Boyzinhos gostavam do Be Gees gostavamos de James Brown,se a onda era nacional e aquelas tremeliquices (Boa essa não) de Gil,Cateano,chico ,Gal e Cia,não tinhamos nem conhecimento,o negócio era GCK,Miguel de Deus,Jorge Ben,Wilson das Neves e muitos outros que nem constam em registros.Alguem ai pegou algum baile no Clube Califórnia com o Porão 99?
Não tinhamos dinheiro para o Emerald Hill,Raio Laser e tantas outras coisas enfadonhas.Mas tinhamos uns trocados para o Guilherme Giorgi,Principe Negro do Carrão,TOCO,ACASC,ChicShow,Patropi,Saad,Califórnia ,Palmeiras,Asa Branca e etc.Coisa de pobre mesmo.
Mas mudando um pouco o foco,tinha mais coisa,se nas familias mais abastadas tinha uma rigidez familiar e um controle ,onde eles estudavam com o dinheiro de seus pais e tinham hora para chegar e sair,na "plebe" mais afastadas já tinhamos um privilégio maior.Uma parte proporcionada por nós mesmos,bairro pobre,familia pobre a gente tinha que começar a trabalhar muito cedo e ainda estudar e ajudar todos,mas sempre dava para separar a graninha do fim de semana.
A diferença era essa,eles tinham que respeitar as normas familiares e aquela coisa toda de costumes e compromissos,já nas "plebes" a gente mandava tudo para o espaço e com 15 e 16 anos eramos donos de nossos narizes.Cumpríamos a nossa obrigação.Trabalhavamos a semana toda e quando chegava a sexta feira a noite era a nossa vez.O que chamam de -balada- hoje,seria sair por volta das 23:00 Hs e voltar de madrugada depois de umas dançadinhas e uns drinques.
A "Balada" nossa era sexta a noite bem cedo e terminava no domingo a noite.
Como eramos jovens sempre cometiamos excessos,tudo era fácil,sexo era fácil,drogas era fácil,bebidas era fácil e cometer certas loucuras tambem.
Toda aquela coisa que você já esta careca de saber teve inicio nos anos 60,e como nos anos 70 eles já estavam mais velhos sobrou para nós consolidar tudo isso,E fizemos ao pé da letra,levamos para o auge e incorporamos no nosso dia-a-dia o Sexo & Drogas & Rock and Roll.
Alguns se perdiam no sagrado triênio e levavam aquilo adiante em suas vidas,mas pode acreditar que a maior parte deixava aquilo tudo para tráz quando adultos e tudo ficava no passado.Mas nem tudo era loucura,tinhamos muita apreensão principalmente o medo de engravidar,as garotas tomavam pilulas,(tinha pilulas para tudo) mas não confiávamos e o uso do velho e bom preservativo era imperativo,vi muitos amigos(as) encurtarem sua juventude por causa disso e casarem forçados e ter que criar filhos sem ao menos ter experiência ou base para tal.E admito que não era sempre que usava.
Enfim,é muita coisa para contar e dizer em tão poucas linhas,seria nescessário escrever um livro para expor todas essas memórias contidas na mente dispersa deste humilde autor.


Rita Lee - Jardins Da Babilônia

Recordações,tempo e amigos

Os anos vão passando. Umas vezes parecendo que os dias se arrastam, mas na maior parte dos casos, galgando terreno na nossa existência. Esta é uma constatação prática sobre a vida da qual tomamos consciência e, nunca, tão cedo quanto gostaríamos. Vivemos com a urgência do tempo. Não temos tempo para nós, para tudo o que desejamos fazer e viver. Não temos tempo para estarmos com quem gostamos. Recordamos esse tempo, essencialmente, porque tínhamos tempo despreocupados. Tempo para viver, para conviver, tempo até, para nos fartarmos do próprio tempo.

Entretanto de repente, os dias sucedem-se vertiginosamente, de fim-de-semana em fim-de-semana. “O tempo passa mesmo rápido, já estamos no Natal”, “O tempo passa mesmo rápido, já estamos novamente na Primavera. Não tarda chega o Verão e a praia.”, “Incrível, o Verão já está chegando ao fim.”. Por vezes acontece-nos ocupar demasiado tempo falando do tempo que não temos. E, entretanto, perdemos mais algum tempo, desperdiçando assim minutos, horas, dias. Em bom tom é possível que, dentro de alguma razoabilidade, por vezes se ganha no médio prazo, algum tempo, refletindo sobre tempos passados. Olhando para o presente, reorganizando ideias, objetivos, posturas.

Vem tudo isto a propósito da dificuldade de, nos dias de hoje, conseguirmos estar com amigos que nos são queridos, que foram peças constantes nas nossas vidas no passado e no presente que não convivemos tanto, pelos mais diversos motivos: porque casaram, porque têm filhos, porque se mudaram para longe, porque deixaram de ter disponibilidade de espírito para continuar . Por tudo isto e por muitos mais motivos, quebra-se uma certa rotina (mais uma vez, a rotina!), perdendo-se o hábito dessa convivência , tantas vezes, como desculpa, por suposta falta de disponibilidade, de tempo.

Mas analisemos um pouco mais esta questão: será que é assim tão plausível usar e abusar do argumento da falta de tempo? Será que, se nos debruçarmos sobre a análise da nossa vida, não vamos constatar que o tempo existe, mas está ocupado com certos comportamentos rotineiros, certas “obrigações” que não são assim tão obrigatórias quanto isso? Será que, na verdade, e bem lá no fundo, não sabemos, muitas vezes, que ao usarmos a falta de tempo ou disponibilidade, não estamos caindo em uma armadilha de nosso pensamento? E quase de forma consciente, porque mais confortável? O nosso mundo, inalterado, constante. Para mim, pelo menos algumas vezes, tenho a certeza disto já ter acontecido, o que naturalmente não me mesmeriza, também não me deixa propriamente feliz e orgulhoso!

Este fim-de-semana estive com pessoas que marcaram diferentes fases da minha vida, mas com as quais não tenho estado tanto quanto queria.E foi muito positivo. Acho que todos percebemos depois de um longo período, descobrir que as relações de proximidade e cumplicidade, a sintonia de pensamentos, com amigos, continuam presentes. Descobrir que, entretanto, nada disso modificou a amizade. Ficou, ali, inalterada, numa estante livre de poeiras, simplesmente à espera de ser novamente utilizada. E aí, confirmamos mais uma vez, que estão ali alguns dos nossos verdadeiros amigos. É a prova dos nove.

Vemos também como velhos amigos são espelhos apontados à nossa vida. Com eles, com o seu olhar, as suas expressões, o seu carinho, vemos perfeitamente aquilo que fomos, quase como se recuássemos um pouco no tempo. Ao constatarmos as suas mudanças, as suas novas posturas (embora sempre presente a sua essência), para o bem ou para o mal, somos obrigados a olhar para o que fizemos da nossa vida. Muitas vezes, é se valer disso mesmo que fugimos. Quando a nossa vida não está em condições, embora, há quem desmistifique essa ideia, essa pessoa é, precisamente, um bom amigo.

Quanto a mim, foi bom, aliás, muito bom pelo convívio do fim-de-semana.

Adryana Ribeiro - Saudade Vem